Bem, já que decidi fazer directa em vez de dormir 3 horas e ir à aula das 8 da manhã, deixem-me vos falar um pouco da noite de Barcelona.
Como tal, penso que a melhor maneira é descrever uma típica saida nocturna, semelhante às dezenas que temos tido:
Saio de casa, cerca das 23, meia noite... Faço 500 metrozinhos a pé até ao metro e apanho a linha vermelha até à Praça da Catalunha. A praça da Catalunha é mais ou menos o centro de diversão de Barcelona, é ai que normalmente as coisas começam. Ao sair da estação de metro, subindo as escadas, olhando à minha volta consigo ver várias coisas: Um imponente Corte Ingles a destacar-se na paisagem, um Hard Rock sempre discreto mas completamente único e insano no interior, no centro milhares de pessoas a andar de um lado para o outro de forma aleatória, vários cafés abertos, cada um tentando chamar a atenção para si com as suas luzes.
Decido começar a noite num bar no final das Ramblas, chamado "Bosque das Fadas"... Dirigo-me então às Ramblas (para quem não sabe, é das ruas mais populares de Barcelona, em que de dia se efectua imensa animação de rua, comércio de animais, flores, etc, e de noite é um ponto de referência. Liga o Mar à praça da Catalunha). Começo a descer as Ramblas, reparando sempre na quantidade de bares abertos pelos quais vou passando. Pelo caminho o que vejo a toda a hora? Os nossos típicos Quefrô marroquinos, desta vez em versão Barcelonesa, a vender cervejas Estrella a 1 euro (também há so verdadeiros quefrô a vender rosas, calma). Contudo, a cerveja é apenas o disfarce superficial já que ao passarmos por eles somos brindados com o "boa noite" marroquino em Barcelona, que se traduz num "Haxixe, Chocolate, Cocaina?". Vejo dezenas de pessoas a dar flyers com descontos para bares e discotecas. Vejo dezenas de prostitutas negras a trabalhar para por o pão na mesa. Continuo a minha descida. Finalmente, bosque das Fadas. Este bar é um pouco peculiar. Faz parte do museu de cera, e como tal, entra-se lá dentro e temos uma decoração, se é que se pode chamar decoração, bastante curiosa. Desde salas transformadas em florestas em que andamos pelo meio de àrvores, desde salas com bonecos de cera muito reais a tomar café a coisas um pouco mais inquietantes com alusão ao antigo e pitoresco como teatro de fantoches, camas antigas com bonecas, uma mulher a levitar, etc. Sem combinar nada, encontro lá pelo menos 10 portugueses. 5 que já conhecia, e 5 novos, para juntar à lista. Estou no convivío cerca de meia hora, vou pedir uma cerveja, 2.5 euros, digo que não. Saio fora do bar, compro uma cerveja a um marroquino negociada por 80 centimos, volto para o bar.
Saio do bar, volto a subir as ramblas todas e vou agora ao sitio que concentra mais malta estudante, de Erasmus, etc. aqui do centro de Barcelona: O ovelha negra. Sitio com ambiente mais rústico, tipicamente muito barulhento, sempre com cerveja a sair, e onde se volta a conhecer mais tugas e uns quantos estrangeiros que nos contam a sua vida. Vai uma caneca grande de cerveja? Custa 3.3 euros mas que se lixe. "É só mais uma vez". E lá se vai gastando o dinheiro. 3 da manha, fecha o Ovelha negra, saimos. Agora, o que resta? Ir para uma discoteca? Ir para um bar na praça real? Ou andar a vaguear pela rua a beber cerveja dos marroquinos?
Decidimos ir à praça real ver se encontramos um barzinho sem entrada paga. Chegamos lá, e tentamos o Jamboree, um bar muito giro com música muito boa, para quem gosta do género (desde smiths a nirvana). Falamos com o porteiro de 120 kilos, que básicamente nos disse aquilo que já estavamos à espera numa noite tao cara como a de Barcelona: 12 euros para entrar apenas. Já andamos a gastar muito dinheiro e decidimos ficar pela rua. Compramos mais uma rodada de cerveja aos marroquinos e socializamos com pessoas. Encontramos uma festa privada a acontecer numa casa de alguém que nos abordou na rua. Vamos lá. Uma rapariga simpática à porta da-nos uma pétala de uma flor, supostamente baptizada por uma galega, e que consiste no free-pass para a festa, que infelizmente só começa depois das 5 da manha. Já bebados, subimos pras colunas da praça real, que como são concavas, fazem um efeito muito interessante, principalmente quando se está bebado. Cada um sobe para uma coluna contrária, vira-se para a parede e fala baixo, o outro, a uma distância considerável, ouve perfeitamente e responde. Giro!
Bebemos mais umas bebidas... Seis da manha, talvez esteja na hora de ir para casa... Voltamos a subir as ramblas, a passar por marroquinos, prostitutas e brasileiros a entregar flyers. Chegamos ao metro, apanhamos o metro para a praça de Espanha, andamos mais 500 metros e chegamos a casa... Provavelmente a noite vai acabar na cozinha a improvisar. Se tivermos bebados, ovos estrelados desfeitos no chão são um indicador que vamos ter de acabar a comer flocos. Se estivermos mais ou menos, ainda se comem umas coisas engraçadas.
Xixi, cama.
